Essa é a Marina Helou, deputada eleita pela REDE em 2018 com quase 40 mil votos.
Marina formou-se em administração pública pela Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV) e tem especialização em negócios e sustentabilidade pela Fundação Dom Cabral/Cambridge University.
Marina Helou é uma das lideranças apoiadas pelo movimento RenovaBR.
Tem 34 anos e ajudou a fundar o movimento Vote Nelas, que trabalha para eleger mais mulheres para o Legislativo em todo o país.
Helou trabalhou oito anos na Natura, com foco no desenvolvimento humano.
Em uma entrevista exclusiva para o Grupo SP Jornal, a parlamentar falou sobre machismo na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, mandato participativo, futuro no executivo e os desafios de conciliar a rotina de ser mãe e parlamentar. Confira abaixo:
Após toda essa visibilidade de casos de machismo na ALESP, você acredita que políticos e funcionários do local aprenderam e absorveram quais os limites nas relações entre homens e mulheres?
Eu poderia estar muito feliz por participar da legislatura com o maior número de mulheres na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Mas ainda não estou, porque falo de 20% do total de parlamentares na Alesp, enquanto somos 52% da população. E, dentro dessa perspectiva, a atual legislatura está pautada na mídia por casos de assédio, machismo e violência política de gênero.
De fato, é um grande avanço darmos uma resposta institucional a casos de machismo e violência contra a mulher na Alesp. É uma resposta clara à sociedade e a todos os deputados do que não será mais tolerado nesses espaços, marcando uma linha do que pode ou não ser aceito. Importante reforçar que a participação de mais mulheres nesses lugares é fundamental para combatermos todo e qualquer tipo de misoginia.
Você é considerada uma das mais atuantes (e também jovem) entre as parlamentares. A responsabilidade da auto-cobrança aumenta para dar sequência no mandato e também pleitear sua reeleição?
Quando decidi entrar na política, fiz essa escolha por acreditar que poderia fazer uma boa contribuição à população paulista. Me cobrei – e me cobro – todos os dias para que meu mandato faça um trabalho de excelência, pautado na transparência, boa política e participação das pessoas em todos os processos. E, ao longo desses anos, tivemos ótimas conquistas: quatro leis em vigor no estado de São Paulo, milhões de emendas destinadas para saúde, infância, meio ambiente, educação e políticas públicas para as mulheres.
Me coloco como pré-candidata à reeleição por acreditar que meu trabalho não acaba aqui, nesses quatro anos de mandato. Tenho muito mais a fazer e a contribuir para um estado melhor, com projetos que melhorem ainda mais a vida das pessoas.
Um dos seus últimos feitos foi a conquista de R$1 milhão de recursos para as UBS de SP. Qual a importância da comunidade estar perto dos anseios de uma UBS?
Nem todas as pessoas sabem, mas cada deputado tem direito a uma quantia de recursos do orçamento público para destinar a projetos da sua escolha. Essas são as chamadas emendas parlamentares impositivas. Geralmente os deputados usam este dinheiro para aumentar suas bases eleitorais. Eu acredito que a boa política deve ser feita com base em participação e transparência. Por isso, parte das minhas emendas são escolhidas por meio de um edital participativo – como o edital das UBS, em que seus gestores puderam inscrever as Unidades Básicas de Saúde e, as mais votadas, receberão, em 2023, recursos para investimentos nesses locais. Fazendo com que a população decida o destino do dinheiro público.
Após a maior crise sanitária do século, decidi fazer a distribuição de parte das minhas emendas dessa forma, principalmente em reconhecimento ao esforço de todos os profissionais de saúde durante a pandemia, e entendendo a necessidade de investirmos em melhores equipamentos de saúde para atendimento adequado à população paulista. Investir na saúde deve ser prioridade de todos!
Você foi candidata a prefeita no meio do seu mandato para deputada estadual. Pretende ser candidata pela REDE, novamente, em 2024?
Hoje meu foco é finalizar meu primeiro mandato com excelência e trabalhar para a reeleição este ano como deputada estadual aqui, em São Paulo. Ainda tenho muito como contribuir com este cargo na Alesp e este é o meu objetivo central. Não tenho a intenção de disputar a prefeitura em 2024, mas pretendo colaborar com propostas para São Paulo e apoiar um candidato – espero que seja uma mulher – que possa fazer mais pela nossa cidade.
Como faz para conciliar a rotina de mãe e deputada? Consegue estar presente em todos os compromissos públicos e familiares? Nos conte um pouco do seu dia a dia.
Na maioria das vezes não é fácil. Recentemente passei por semanas com jornadas triplas intensas, quando meu esposo viajou a trabalho, minha rede de apoio não estava presente, e tive que conciliar casa, meus dois filhos e uma rotina intensa como deputada – com dezenas de agendas e votações na Alesp.
Mas decidi que as minhas prioridades na vida são família e trabalho. Com isto, claro, eu sei que não abro mão de ser uma mãe presente para os meus filhos pequenos. Ainda que custe abrir mão de algumas agendas políticas – ao mesmo tempo que me dá tranquilidade de às vezes não estar presente em alguma agenda de trabalho, sabendo que meu balanço se compensa e que tenho uma equipe incrível para me cobrir em eventuais urgências.
Almeja ser secretária do município ou de estado de alguma pasta específica?
Sim! Tenho muita vontade de ter uma experiência no Executivo. Acredito que tenho um perfil que pode contribuir muito com uma pauta de entregas e resultados. O ritmo do Executivo é muito atraente e tenho essa vontade de aprender com este desafio em algum momento da minha carreira.
Como você vê a destinação de políticas públicas de meio ambiente em nosso Estado? “Insuficiente e sem recursos” ou “suficiente e mal distribuída/destinada”?
A política pública para o meio ambiente ainda existe em uma lógica isolada como um adendo às políticas públicas do Estado. Enquanto a lógica for essa, não teremos os avanços necessários para um novo modelo de desenvolvimento e para nos adaptarmos às mudanças climáticas. É necessário que o meio ambiente seja transversal em todas as pautas e que o estado entenda, de uma vez por todas, que estamos falando do impacto na vida das pessoas, especialmente as mais vulneráveis. É sobre saneamento básico, alimentação, habitação, proteção à vida, acesso a água, empregos e educação para novas profissões. Precisa ser prioridade.
Por: Antonio Gelfusa Junior
Fotos: Iury Carvalho
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