Cigarros eletrônicos são dispositivos que foram desenvolvidos com a finalidade de substituir o cigarro convencional. A ideia surgiu na década de 1960, nos EUA, por Herbert A. Gillbert, sendo aperfeiçoada posteriormente em 2003, pelo chinês Hon Lik. No entanto, este objetivo não foi alcançado e os cigarros eletrônicos estão sendo usados por pessoas que nunca fumaram cigarros convencionais antes, particularmente os jovens.
Existem vários formatos de cigarros eletrônicos, podendo ser parecidos com cigarros, canetas, pen drives, e os chamados tanques, entre outros. Visando simular a sensação de fumar um cigarro comum, eles contêm apenas a nicotina, responsável pela dependência química. A nicotina é diluída em propilenoglicol e esta mistura fica armazenada em um reservatório presente no dispositivo. Este reservatório é ligado a um vaporizador, o qual transforma o líquido em fumaça, que é tragada pelo usuário. Vale ressaltar que a concentração de nicotina presente nos reservatórios geralmente é bem maior do que nos cigarros convencionais.
O professor Titular de Estomatologia da FOP-UNICAMP, Coordenador do Orocentro e membro da Câmara Técnica de Políticas Públicas do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Dr. Marcio Ajudarte Lopes, esclarece que o uso dos cigarros eletrônicos pode causar dependência química e promover alterações importantes no sistema respiratório e cardiovascular, devido à presença de várias substâncias tóxicas – como o formaldeído – e as derivadas de metais pesados, como ferro, alumínio e níquel, que podem levar ao desenvolvimento de câncer, principalmente em pulmão e boca.
O especialista destaca que um fato muito preocupante que tem sido observado é o número alarmante e crescente de jovens que usam cigarros eletrônicos. De acordo com ele, muitos desses jovens começam o hábito no ensino fundamental. “Além da possibilidade de adquirirem o vício pelo cigarro eletrônico e pelo risco de desenvolverem problemas de saúde como relatado anteriormente, estudos científicos têm mostrado que adolescentes que usam cigarros eletrônicos são mais propensos a fumar cigarros convencionais quando comparados aos não usuários de cigarros eletrônicos. Portanto, o uso de cigarro eletrônico contribui para o consumo também de cigarro convencional, sendo uma maneira para atrair jovens para a dependência química”, explica o Cirurgião-Dentista.
Dr. Marcio enfatiza que o Brasil reduziu de maneira significativa o tabagismo nos últimos anos devido, principalmente, à implementação de medidas como o aumento de preços e impostos do tabaco, bem como a adoção de leis, com destaque para a Lei Antifumo Federal (Lei 9.294/1996), que se refere à proibição de propaganda de produtos derivados de tabaco. Merece destaque, também, a Lei Antifumo do Estado de São Paulo (Lei 15.541/2009), que proíbe o uso de cigarros e similares em ambientes fechados de uso coletivo. Posteriormente, a Lei Antifumo Federal 9.294/1996 foi alterada, sendo regulamentada nova Lei Antifumo Federal (Lei 12.546/2011) que, como a lei do Estado de São Paulo, proíbe o consumo de tabaco em ambientes fechados e coletivos em todo o território nacional.
“Com essas medidas, houve redução expressiva do número de fumantes no nosso país. Apesar da diminuição do consumo de cigarro convencional no Brasil, o número de consumidores de outras formas de tabaco, como o cigarro eletrônico, está aumentando, particularmente entre os jovens”, alerta o especialista. Vale ressaltar ainda, segundo o Dr. Marcio, que, em 2009, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estabeleceu a regulamentação que proibiu no Brasil a venda, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar (Resolução da Diretoria Colegiada RDC 46/2009). “No entanto, apesar da proibição, a comercialização ilegal destes produtos é frequentemente observada”, lamenta ele.
Portanto, é de extrema importância alertar a população e divulgar os malefícios dos cigarros eletrônicos e similares pelas Sociedades e Conselhos de Classe, com foco principalmente nos jovens. “A Comissão Temática de Políticas Públicas do CROSP está atenta a esta alarmante situação e, ao nos aproximarmos do Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto, aproveitamos o momento para nos posicionar contra a liberação dele e salientar a necessidade urgente de regulamentação de Leis Antifumo que englobem esses dispositivos eletrônicos”.
Riscos do cigarro eletrônico e similares
- Eles contêm nicotina, droga que leva à dependência.
- Contêm ainda mais de 80 substâncias químicas, incluindo cancerígenos comprovados.
- O uso da nicotina aumenta o risco de trombose, AVC, hipertensão e infarto do miocárdio, entre outros.
- Estudos também mostram que o cigarro eletrônico aumenta em cerca de três vezes as chances de o usuário fumar também cigarros comuns.
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