Cerca de 400 padarias já anunciaram que não venderão mais cigarros por conta de assaltos
Começou a tramitar na Câmara Municipal de São Paulo, um projeto de lei que quer proibir a venda de cigarros em estabelecimentos como padarias, supermercados e hipermercados da capital paulista. O Projeto de Lei nº 30/2019, de autoria do vereador Rinaldi Digilio, tem como objetivo reduzir a exposição do cigarro em locais mais frequentados pelas famílias, assim, evitando a influência futura na decisão de fumar.
De acordo com pesquisa feita pelo Datafolha com 560 jovens entre 12 a 22 anos, moradores de cinco capitais incluindo São Paulo, os locais onde mais são vistos cigarros à venda por eles mesmos são padarias e supermercados.
Dos que frequentam padarias, 79% dizem já ter visto esse produto à venda nesses estabelecimentos e 71% já viram nos supermercados.
Segundo a pesquisa Vigitel do Ministério da Saúde, divulgada em maio de 2018, apesar do número de fumantes ter caído, em média, 36% no Brasil nos últimos dez anos, houve um aumento de tabagistas com idade entre 18 a 24 anos nos últimos dois anos. O levantamento foi feito com 53.034 pessoas de 18 capitais.
Os jovens que passaram a se declarar fumantes passaram de 7,4% em 2016 para 8,5% em 2018. Se aprovada e sancionada, a proposta determina advertência, multa de R$ 5.000 em caso de reincidência e até a suspensão do alvará do comércio que insistir em vender cigarros.
“Fica claro que, a exposição dos cigarros nesses locais é mais vista pelas crianças, porque é o onde elas frequentam com suas famílias e que elas acham que isso as influenciará a fumar. Pior é se pensarmos que enquanto cai o número de fumantes do Brasil, o de jovens fumantes vem crescendo. É preciso fazer algo e outras leis já provaram que a restrição ao acesso ao cigarro é o melhor caminho”, afirmou o vereador.
A situação é ainda mais grave quando se observa, de acordo com uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Câncer (INCA), lançado em 2017, que apontou que o consumo de cigarros e outros derivados causa um prejuízo de R$ 56,9 bilhões ao país a cada ano. Do total, R$ 39,4 bilhões são com custos médicos diretos e R$ 17,5 bilhões com custos indiretos, decorrentes da perda de produtividade, provocadas por morte prematura ou por incapacitação de trabalhadores.
“Não adianta cobrar mais impostos sobre o cigarro. Os valores arrecadados nunca compensam o prejuízo. Por isso, precisamos pensar nas futuras gerações e evitar que elas tenham acesso e principalmente, curiosidade de fumar”, disse Digilio.
Na última semana, o Sindicato das Indústrias de Panificação de São Paulo e o Instituto do Desenvolvimento da Panificação e Confeitaria de São Paulo decidiram não mais comercializar cigarros em 400 padarias da Grande São Paulo, por medo de assaltos, além do baixo lucro obtido com as vendas dos produtos de tabaco. O Projeto de Lei nº 230/2019 deverá ser apreciado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) até o fim de maio e posteriormente, passará por duas apreciações em plenário antes de seguir para sanção ou veto do prefeito Bruno Covas (PSB).
Fonte: Gazeta Penhense