Recentemente, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou a substituição dos livros didáticos impressos por versões digitais a partir do próximo ano em alguns níveis das escolas públicas do estado.
A decisão foi altamente criticada por especialistas em educação e editoras, que destacam, entre outras coisas, a dificuldade de passar para uma digitalização total em tão pouco tempo em um país onde muitos alunos não têm sequer acesso à internet.
Diante da repercussão negativa e denúncias de todas as frentes, Tarcísio e o Secretário Estadual de Educação, Renato Feder, voltaram atrás da decisão e acenaram com a manutenção do material estadual. “Se o aluno quiser estudar digitalmente, ele vai poder; se ele quiser estudar no conteúdo impresso, ele também vai ter essa opção”, afirmou Tarcísio.
Segundo o diretor-executivo da ONG Todos pela Educação, Olavo Nogueira Filho, “a digitalização total só faria sentido se as evidências (de sua eficácia) fossem indisputáveis, o que não é o caso aqui”.
Educação no exterior
A Suécia era o único país que utilizava a educação 100% digital em suas escolas, porém, devido a queda no desempenho das crianças em leitura, a dificuldade dos pais em ajudarem os filhos nas tarefas e os riscos relacionados à saúde sobre o aumento do uso de telas, fizeram com o que os suecos voltassem atrás na decisão e investissem 45 milhões de euros (cerca de R$ 242 milhões) na distribuição de livros didáticos impressos.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), braço da ONU para a educação, desaconselha o uso excessivo de tecnologia nas aulas, considerando que pode afetar negativamente a aprendizagem.
Aplicativos
Em outro deslize, o aplicativo “Minha Escola” fez instalação em massa sem consentimento de alunos e pais, contrariando a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Após relatos e denúncias de pais e alunos da rede estadual, a secretaria da educação solicitou a exclusão do aplicativo e disse que a falha ocorreu durante um teste.
Segurança pública
Ainda em polêmicas diante de sua imagem, Tarcísio comentou sobre o fato dos policiais envolvidos nas mortes do litoral não terem o registro de suas atuações realizadas nas câmeras que deveriam acompanhá-los em suas operações.
“A gente não tem câmeras para toda as unidades. A gente sabe que tem 10 mil câmeras para 90 mil policiais”, disse o governador.
A declaração foi uma resposta ao ser questionado sobre o fato de que parte das 16 mortes de civis na Baixada Santista que, segundo a Polícia Militar (PM), ocorreram em confrontos, não foi filmada pelos equipamentos de vigilância do uniforme dos agentes.
Isso sem falar da inércia da gestão diante da Cracolândia, que avança de forma desenfreada. “Não é mudando os dependentes e traficantes de um bairro para outro como sugeriu o governador que vai resolver o problema”, disse Jorge Moura, morador da região do Campos Elíseos.
Crise de imagem
O governador tem sofrido para se aproximar das comunidades e regiões periféricas.
Mesmo ganhando uma eleição no maior e mais importante estado do país, o republicano mostra incoerências em suas decisões em pautas sensíveis como segurança pública e educação que comprometem sua atuação nas comunidades.
O fato também de não ser fã de entrevistas e não se mostrar simpático a coletivas para jornais e mídias em geral, vai de certa forma contribuindo também para um natural afastamento de sua imagem da opinião pública, das comunidades periféricas e dos ambientes que, inclusive, o elegeram.
Reportagem: Da redação
Foto: Divulgação
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